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Brasil, Primeiro de Abril!

Manifesto

Informations
  • Résumé
  • Mots-clés (11)
      • Mot-clésFR Éditeur 48 articles
        48 articles
        Mot-clésFR Auteur 3 articles
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        Mot-clésPT Auteur 11 articles 2 dossiers,  
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        Mot-clésFR Auteur 21 articles 3 dossiers,  
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        Mot-clésFR Éditeur 18 articles 1 dossier,  
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        Mot-clésFR Auteur 4 articles
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        Mot-clésPT Auteur 3 articles
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        Mot-clésPT Auteur 3 articles
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        Mot-clésFR Auteur 3 articles
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        Mot-clésFR Éditeur 49 articles 3 dossiers,  
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        Mot-clésPT Auteur 3 articles
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      Texte

      No dia Primeiro de abril se brinca de mentira, se brinca de trapaça,
      se brinca de ser falso.
      É um dia de catarse: eu minto, nós mentimos, eles mentem!
      E tudo é mentira de verdade!
      É o dia de ser artista do cotidiano.
      Atrizes e atores da vida banal, garantimos a fresta lúdica diante da cara de susto de nossa vítima.
      No microrritual catártico, um carnavalzinho no meio da quaresma, fazemos cócegas na sisudez da verdade diária com que garantimos a democracia e o pão de cada dia!

      Mentir é permitido uma vez por ano!

      Mas, para rir da mentira, a gente precisa da verdade.
      O prazer da farsa que se comemora no dia Primeiro de Abril é o prazer de desmascarar a farsa!
      Quem exclama “Primeiro de Abril” mostra que acabar com a mentira é que é a graça do jogo.

      Infelizmente, no país da piada pronta, o Primeiro de Abril perdeu a graça em Primeiro de Abril de 1964!

      Acabou o carnavalzinho no país do carnavalzão!

      Escrotocratas unidos pelo poder roubaram o direito do povo ao riso!
      Proibiram a catarse, capitalizaram o papelão.
      Até que elegeram o capetão!

      Colocaram em risco de morte a inteligência nacional!
      A pós-verdade já estava lá, na boca dos tarados falogocêntricos, brancos capitalistas fardados sem vergonha nenhuma.
      Eles sequestraram a brincadeira!
      Colocaram quem denunciava a sua mentira no pau-de-arara e urraram com o coronel Ustra

      Agora a mentira mata!

      Que homens feios e sem arte!
      Esses homens asinos, equinos, anais, cloacais, varonis, falocráticos, loucos por um pau-Brasil!
      Homens feios porque sem arte!

      Escrotocratas milicianos matadores, orgulhosos da merda que são!
      Mataram e continuam a matar.
      Marielle pergunta : Até quando matarão?
      Bandidões, unidos, jamais serão vencidos?
      E segue o primeiro de abril escondido atrás do 31 de março.
      E otários tarados pelo poder,
      Que só enxergam um Pau diante do Brasil,
      sentados sobre a parte cortada do nosso nome,
      como o pescoço dos pobres, dos índigenas, das mulheres, das travestis assassinadas a cada dia
      gritam as velhas mentiras.
      Ustra vive!
      Quem? O povo pergunta com um prato vazio nas mãos.

      O pau foi cortado.
      O ouro foi entregue.
      O sangue dos jovens negros assassinados pelo Estado escorre.
      As pessoas são impedidas de respirar pelos ladrões do ar.

      Os fascistas sempre souberam que a mentira é poder.
      O que eles não sabem é que a arte é a mentira liberada do poder!
      E a mentira liberada do poder
      Derruba todas as máscaras.

      E a verdade é que o Ubu Rei Brasileiro quer comemorar a ditadura!
      E que você está numa peça de teatro, num pesadelo, num delírio coletivo.
      E tem o direito de dizer
      Primeiro de Abril!!!
      Apesar de tudo
      O Brasil não é uma alucinação!

      A ditadura militar no Brasil durou de 1o de abril de 1964 até 15 de março de 1985. Sendo o dia 1o de abril o dia mundial da mentira, tornava-se inconveniente inaugurar o regime militar naquela data, sob o risco de ele parecer uma piada. Assim, construiu-se a narrativa de que o dia 31 de março seria a data oficial do começo do regime, que os militares e seus simpatizantes chamavam de “Revolução”, alterando o sentido dos acontecimentos e do próprio termo. Este manifesto acompanha o vídeo Primeiro de Abril – Brasil, piada pronta com lançamento em escala nacional e internacional nos dias 31 de março e 1o de abril de 2021, através de diferentes veículos de comunicação, uma realização das revistas Sens Public e Cult.

      Marcia Tiburi, autora do manifesto, das pinturas abaixo e uma das idealizadoras do projeto Olhos Abertos com Junia Barreto, nasceu em 1970, em plena Ditadura Militar, e considera que a ditadura - em relação à qual o Brasil nunca fez justiça, é um arcabouço psicopolítico, no qual se afogam a mentalidade e a sensibilidade da nação brasileira, capturadas por um defensor da tortura e do autoritarismo.
      Brasil, Primeiro de Abril!
      Brasil, Primeiro de Abril!

      Ficha técnica:

      Marcia Tiburi, Montagem das obras General Asino, 1964-1967 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm; General Anal, 1967-1969 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm; Generais falocêntricos 08-11/1969 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 41X36cm; General Varonil, 1969-1974 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm; General Cloacal, 1974-1979 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm; General Equino, 1979-1985 [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm; Ubu Rei Brasileiro, 2019- [da série “Soberanos Infames”], 2021, Acrílico sobre papel, 36X48cm.

      Tiburi Marcia 0000-0002-0940-5835
      Wormser Gérard 0000-0002-6651-1650
      Brasil, Primeiro de Abril!
      Manifesto
      Marcia Tiburi
      Département des littératures de langue française
      2104-3272
      Sens public 2021/03/31
      1o de abril de 2021. O Ubu Rei do Brasil comemora a ditadura dos generais torturadores. É uma piada. Bandidos, unidos, jamais serão vencidos?
      1er Avril 2021. Ubu-Roi du Brésil commémore la dictature des généraux tortionnaires. C’est une blague. Les bandits réunis seront-ils jamais pris ?
      Créativité http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb11936171q/ FRBNF11936171
      Politique et société http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb11975806s FRBNF119758063
      Amérique latine http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb11930876x FRBNF119308760
      Brésil, Poisson d'avril, Blague, Manifeste